Senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Davi Alcolumbre (DEM) |
Eleito para a presidência do Senado com a bandeira da
renovação política, Davi Alcolumbre (DEM-AP) tem decepcionado alguns aliados
por medidas que, para muitos dos senadores que bancaram a sua candidatura,
estão mais próximas da velha política. Um desses insatisfeitos é o líder da
oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que carregava essa aliança com o DEM de
Alcolumbre no Amapá, mas agora revelou ao Congresso em Foco que esta
parceria chegou ao fim. A informação também foi confirmada pelo site Seles Nafes.
A decisão foi admitida na noite dessa quarta-feira (18),
depois que Randolfe e vários outros senadores questionaram a votação em que o
Senado rejeitou a recondução de dois procuradores ligados à
Lava Jato ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Os senadores
reclamaram que a rejeição era uma retaliação articulada por Renan Calheiros
(MDB-AL), com aval de Alcolumbre, ao trabalho de combate à corrupção do
Ministério Público. Porém, não tiveram nem as queixas de que a votação deveria
ser cancelada por conta do baixo quórum consideradas por Alcolumbre.
"Esta
foi uma ação combinada. Uma retaliação pura, vil e baixa. O retorno da velha
guarda do Senado", reclamou Randolfe, que logo depois admitiu a decepção
com as últimas decisões de Alcolumbre. "Eu lamento alguns caminhos que são
perseguidos, que são tomados. Saio particularmente decepcionado, porque isso
terá reflexo no meu estado, porque a gente tinha uma aliança. Tinha uma aliança
política", destacou o senador da Rede, lembrando que a última decisão
desse tipo em relação ao Conselho Nacional do Ministério Público havia sido
tomada quando Renan Calheiros era presidente do Senado.
"Eu fico decepcionado porque participei da
eleição do presidente para mudar práticas, mudar comportamentos. Mas hoje fui
derrotado. Eu achava que havíamos superado o tempo em que o Senado, sob comando
de alguns, funcionava como um espaço de vindita privada, de retaliação. Acho
lamentável e triste", desabafou Randolfe, admitindo que esta não foi a
primeira decisão de Alcolumbre a incomodá-lo, apenas o estopim para a ruptura
política. "Com as últimas medidas, comecei a rever comportamentos que
achei que tinham sido superados. Alguém que não dialoga, não conversa com as
lideranças de oposição, alguém que faz coro com manifestações do plenário
quando é para atender seus interesses, alguém que persegue opositores",
lamentou o líder da oposição.
Após a sessão dessa quinta, Randolfe chegou até a
se unir a senadores independentes ligados ao Movimento Muda Senado para
discutir maneiras de protestar contra a rejeição dos procuradores do CNMP e
melhor se posicionar no plenário em relação a temas como esse. Essas
estratégias serão anunciadas nesta quinta-feira (18), com a presença de
Randolfe.
Questionado sobre a sua intenção ao se unir a este
grupo, que há tempos cobra de Alcolumbre a instalação da CPI da Lava Toga e a
análise do pedido de impeachment do
ministro Dias Toffoli e nesta quinta também deve pedir o cancelamento da
votação dessa quarta e a realização de votações abertas, Randolfe explicou que
quer "buscar o senador que nós defendemos em fevereiro deste ano".
Randolfe era visto com frequência ao lado de
Alcolumbre antes da eleição para a presidência do Senado. O líder da oposição
chegou até a apoiar a candidatura de Alcolumbre ao governo do Amapá em 2018.
Mas já há algum tempo deixou de fazer parte do círculo próximo do presidente do
Senado. É que, nos últimos meses, Alcolumbre se aproximou de senadores ligados
ao governo e também a senadores do MDB, como o próprio Renan Calheiros. Há quem
diga até que ele é o grande articulador da indicação de Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
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