Madeireiros afirmam que se sentem abandonados pelos políticos do Estado do Amapá e do município laranjalense e prometem intensificar manifestações. "O governador não tem representantes em Laranjal, pois que representantes são estes que não tem acesso ao líder estadual?", indagaram os representantes da categoria.
Em situação de desespero e
sentindo-se completamente abandonados pelo poder público, os madeireiros de
Laranjal do Jari resolveram ocupar o prédio da unidade local do IMPAP (Instituto
do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá), localizada no Bairro
Agreste. Eles reivindicam providências para poderem retomar as suas atividades
normais que é a comercialização de madeira no município Laranjalense. Mesmo
depois da ocupação do referido órgão durante dois dias, os madeireiros não
obtiveram respostas do Governo do Estado do Amapá, o que motivou os mesmos a
atearem fogo em restos de madeira e pneus na entrada do IMAP. O incêndio foi
debelado pelo Corpo de Bombeiros em companhia de uma guarnição da Polícia
Militar na tarde desta terça-feira.
No dia 14 de abril 18 microempreendedores
do setor foram surpreendidos com uma operação deflagrada pela Polícia Federal em
parceria com o Exército, Ibama e ICMBio. A Operação Cajari teve como objetivo combater
a comercialização e o armazenamento de suposta madeira extraída da Reserva
Extrativista do Rio Cajari, na cidade de Laranjal do Jari/AP.
Investigações apontaram que
empresários proprietários de estâncias madeireiras comercializavam produtos
florestais sem qualquer documentação ou autorização legal. Os envolvidos serão
responsabilizados por armazenamento de madeira sem DOF e receptação. Os que
forem encontrados em situação flagrancial serão encaminhados à Justiça Federal
de Laranjal do Jari/AP e à Justiça Federal no Oiapoque/AP para audiência de
custódia e ficarão à disposição desses juízos.
Os madeireiros contestam a versão
apresentada pelo Ibama e pelo ICMBio e alegam que a madeira comercializada em
seus depósitos são oriundos de área de várzea de municípios paraenses tais como
Gurupá e Breves, e que segundo eles, não estariam cometendo crime ambiental.
A presidente da AMADEVAJ –
Associação dos Madeireiros do Vale do Jari, Maria Machado, informou à nossa
reportagem que a responsabilidade de os empreendedores não estarem totalmente
regularizados deve recair também sobre o IMAP, pois desde 2012 eles vêm
tentando atender às leis vigentes e se os processos não conseguiram avançar, a
culpa não é somente dos trabalhadores do setor, disse ela.
A representante da categoria também reclamou
o fato de os madeireiros estarem com os produtos em seus estabelecimentos
fechados e impedidos de fazer qualquer tipo de comercialização ao mesmo tempo
em que serão obrigados a pagarem aluguéis caríssimos de alguns prédios. “Todos
os micro empresários sempre trabalharam neste setor e de uma hora para outra se
veem obrigados a paralisarem suas atividades e ainda passarem por
constrangimentos desnecessários, responderem processos no âmbito civil e
criminal como se fossem bandidos”, criticou.
O vice-presidente da Amadevaj também
lamentou a ausência das representações do Governo do Estado do Amapá e da
Prefeitura de Laranjal do Jari, bem como a postura de alguns vereadores locais.
“A única preocupação deles (dos vereadores) foi reivindicar a madeira apreendida
para que fosse usada na confecção de passarelas da cidade, sendo que eles não
pensaram nos pais de família que tem contas para pagar e família para
sustentar. Se querem lutar pela reforma de passarelas, que façam isso com os
recursos da Prefeitura e do GEA e não com o suor de pessoas que trabalham duro
todos os dias e que pagam seus impostos como qualquer cidadão comum”, afirmou.
( Da Redação do Tribuna do Vale)