quinta-feira, 25 de agosto de 2022

ATENDENDO A CONVITE DE VEREADORES, REPRESENTANTES DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS PARTICIPAM DE SESSÃO DA CMLJ, JUSTIFICAM PREÇOS, ALFINETAM CRÍTICOS E SÃO APLAUDIDOS

 


Sem uma atuação enérgica do Procon e de outros órgãos de fiscalização, sobrou para os vereadores laranjalenses a missão de buscar explicações sobre os preços dos combustíveis, especialmente da gasolina, praticados nos postos da cidade. Para convencimento de uns e descontentamento de outros, a participação dos representantes dos postos de combustíveis na CMLJ terminou com aplausos.

 

Atendendo ao convite dos vereadores, os representantes dos três postos de combustíveis locais  participaram da sessão ordinária da Câmara Municipal de Laranjal do Jari da última sexta-feira, 19/08.  O objetivo da solicitação dos legisladores era que os empresários explicassem as razões pelas quais os combustíveis são vendidos em Laranjal do Jari com preços superiores aos praticados na capital Macapá, geralmente com uma diferença superior a R$ 0,80 por litro.

 

Dênis Pelheca, Tio Bica e Júnior Marques foram os vereadores que encabeçaram a reivindicação, entretanto os demais legisladores reiteraram a necessidade da sabatina. Dez dos treze vereadores do município estavam presentes. Os demais justificaram a ausência.

 

Assim como no restante do país, os preços dos combustíveis oscilam em Laranjal do Jari e já se transformou em tradição a realização de promoção com descontos em todas as quartas-feiras. Nesta quarta, 24, a gasolina estava sendo vendida a R$ 5,62 na promoção. Em preço normal está custando R$ 5,89. Em Macapá tem postos vendendo a 4,78, ou seja, 1,11 a menos. Por aqui, geralmente a gasolina aditivada também é comercializada pelo mesmo preço da comum.

 

No início do expediente, o presidente da casa de leis, Walcimar Fonseca, agradeceu a participação dos empreendedores e destacou que eles não foram convocados, mas convidados, pois foram de livre e espontânea vontade. Participaram os representantes dos postos Eldorado, Almeida e Castanheira.

 

O Vereador Américo Santos destacou que a área de Livre Comércio que teve início no Estado do Amapá em 1993, mas que os benefícios só atingem as cidades de Macapá e Santana. “Por exemplo, vamos falar na questão das lojas que existem filiais aqui na região, se você comprar um item em Macapá verá a diferença de preço, porque aqui não tem isenção de impostos. Nunca, em hipótese alguma Macapá terá combustível mais caro do que em Laranjal do Jari”, disse. O legislador reiterou que não tem como os empresários locais competirem com os de Macapá, especialmente por causa da logística necessária para que o combustível chegue em Laranjal e também da capacidade de compra dos grandes concorrentes de Macapá.

   

Alan Cavalcante, representante do Posto Eldorado, enfatizou que todo derivado de petróleo é tributado na fonte e Relatou os riscos da estrada BR 156 entre Laranjal e Macapá. “A base de Munguba, do lado paraense, não consegue suprir a demanda de toda a região do Jari, então somos obrigados a adquirimos caminhões para poder fazer o transporte combustível até o município laranjalense", explicou. 

 

Cavalcante também argumentou que o caminhão que transporta combustível precisa de seis tipos de licenças diferentes e enfatizou, ao contrário do que foi reiteradamente afirmado naquela sessão, que a Zona de Livre Comércio não influencia no valor dos combustíveis. “O álcool anidro que entra na composição da gasolina não teve redução do ICMS”, observou.

 

Neto, representante do Posto Almeida, argumentou: “Não trabalhamos de graça, também temos que pagar nossa folha de funcionários, energia e outras despesas. Quando os caminhões quebram temos muitas despesas para fazer o conserto e tirá-los dos atoleiros”. Ele também relacionou as licenças e impostos, inclusive a necessidade de os estabelecimentos terem a instalação de pára-raios.

 

Em Laranjal do Jari é tudo mais caro. Em Monte Dourado, eles têm a base de Munguba, que a prioridade é a empresa Jari e os postos locais. Laranjal do Jari é o único município que oferece promoção todas as quartas-feiras. “Quando o preço baixa, a demanda aumenta. O preço está muito baixo, comparado a R$ 7,50”, disse o representante do P. Almeida.

 

No fim das suas explanações, o representante do P.A. mencionou que todos os meses a sua empresa faz doação de cestas básicas sem qualquer divulgação e que gostaria de saber das pessoas que pegam celulares para filmar em frente aos postos e fazer críticas, o que elas que fazem para ajudar a sociedade.  

 

Quando a estrada está ruim, o combustível está caro, mas quando a estrada melhora o valor continua o mesmo”, indagou o vereador Zeca Pavão. Os representantes continuaram alegando que na maior parte do ano a estrada é ruim e que os gastos vão aumentando ainda mais à medida que o veículo vai sendo usado. 


Na prática, é o consumidor que deve arcar com todos os prejuízos dos empreendedores do setor, entretanto, anos atrás mais de 100 taxistas de Laranjal do Jari reclamaram que tiveram seus veículos danificados por causa da gasolina usada. Alguns registraram Boletim de Ocorrência na DPC e houve até uma manifestação com a solicitação de um representante do Ministério Público.

 

Os impostos, licenças, folha de pagamento, energia elétrica, foram citados como justificativas para os altos preços, entretanto, vale ressaltar que esses gastos são comuns a maioria das empresas e de todos os postos de combustíveis. De diferente mesmo somente a estrada de chão com 280 km que liga a capital à Laranjal do Jari. Esta sim, com suas dificuldades e riscos, inclusive com o título de ser a mais antiga obra federal inacabada do país, justifica o aumento dos produtos por ela transportados e evidencia o desrespeito com que os governantes trataram historicamente a população do sul do Amapá.




 

 

 

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