Um dos mais discretos presidentes do grupo de 100 maiores empresas do Brasil, Mário Lanznaster presidia a Aurora Alimentos, que faturou R$ 11 bi em 2019
Mário
Lanznaster, presidente da cooperativa Aurora Alimentos, morreu em Chapecó, SC.
Ele vivia um delicado quadro de saúde desde 2018 em razão de um tumor no
fígado. Apesar da doença, Lanznaster trabalhou normalmente até o último dia 11,
quando foi internado para nova assistência médico-hospitalar.
Um
dos mais discretos e menos conhecidos presidentes do grupo de 100 maiores
empresas do Brasil, Mário Lanznaster presidia a Aurora Alimentos desde 2007 e
estava em seu quarto mandato. Antes, presidiu a Cooperativa Agroindustrial Alfa
de 1997 a 2009. Por dois anos, de 2007 a 2009, exerceu simultaneamente as
presidências da Aurora e da Alfa.
Lanznaster
era catarinense, nasceu em 30 de junho de 1940 no município de Presidente
Getúlio. Casou-se com Edirce com quem teve quatro filhos: Márcia, Fabiano,
Fernando e Juliana. As honras fúnebres serão prestadas no Ginásio de Esportes
da unidade Frigorífico Aurora Chapecó II (FACH II), à Rua Antônio Morandini, no
Bairro SAIC, em Chapecó, a partir das 12 horas deste domingo (18/19).
Lanznaster
é o segundo filho mais velho de uma família de 15 irmãos de Presidente Getúlio,
em Santa Catarina, que vivia da plantação de fumo. Lanznaster decidiu que esse
não era o futuro que ele queria. Passou alguns anos como seminarista, foi convocado
para servir no Exército, mas acabou se tornando o primeiro membro da família de
origem ítalo-austríaca a cursar o ensino superior, na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. As habilidades de datilografia, herança dos tempos do
seminário, ajudaram-no a pagar as contas durante a faculdade.
Em 1968, ele foi contratado para prestar assistência rural em uma cooperativa de suinocultura de Chapecó, no oeste catarinense. Ali nascia a base do que viria a ser o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes do Brasil: a Aurora Alimentos.
Aurora, empresa de 65 mil
famílias
Terceira
maior produtora de aves e suínos do Brasil, atrás apenas da BRF e da JBS, dona
da Seara, a Aurora faturou valor recorde no ano passado, inéditos 10,9 bilhões
de reais. Fundada em 1969, reúne 11 cooperativas, emprega mais de 29 000 pessoas diretamente e tem 65 000 famílias rurais cooperadas. Lanznaster, há 12
anos no cargo, é apenas o terceiro presidente da história da companhia. No
total, a companhia fabrica mais de
800 produtos, entre eles cortes de carne, lasanhas e iogurtes.
Assim
como suas concorrentes JBS e BRF, a Aurora tem na exportação uma das principais
fontes de receita. Atualmente, exporta para mais de 60 países e a unidade de
Chapecó é a única do Brasil habilitada a embarcar carne in natura para o
exigente mercado dos Estados Unidos.
O
frigorífico Aurora é um dos mais reluzentes exemplos de uma organização
societária em alta no Brasil e no mundo: o cooperativismo. A lógica é
semelhante em qualquer lugar: uma união de pessoas para ganho de escala e
competitividade, na compra de insumos de forma conjunta, acesso a diferentes
tecnologias e venda em volumes maiores. Todos são sócios do negócio e definem
juntos os gestores. Esse sistema econômico sustenta uma parcela importante da
economia brasileira.
Desde
2010, o número de pessoas que aderiram ao modelo no país cresceu 62%, segundo
dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Ao final do ano
passado, o setor contabilizou uma receita de 260 bilhões de reais e 14,6
milhões de cooperados. O cooperativismo foi responsável por 100% das
exportações de 36 municípios brasileiros.
Por Karin Salomão/Exame.com
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