terça-feira, 9 de junho de 2015

ESTUDO MOSTRA QUE 70% DOS ENFERMEIROS DO PAÍS SE SENTEM INSEGUROS NO TRABALHO



 
ILUSTRAÇÃO DE ARQUIVO
Em pesquisa da Fiocruz e do Conselho Federal de Enfermagem, 39% dos entrevistados disseram que já sofreram violência no trabalho, sendo 66% a psicológica

Um levantamento feito pela Fiocruz em parceria com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) revelou que 70% dos profissionais de enfermagem não se sentem seguros no ambiente de trabalho. A categoria é a maior da área de saúde, com 1,8 milhão de enfermeiros, técnicos e auxiliares.

No estudo, 36 mil profissionais de 27 estados do país responderam a um questionário eletrônico. Os resultados mostraram que um quinto dos entrevistados (39%) já sofreram violência no trabalho, sendo mais da metade (66%) a psicológica. A maioria das vítimas da violência (85%) são mulheres. Menos da metade dos entrevistados (46%) afirmaram ser tratados com cordialidade pelos pacientes.

Na maior parte das vezes, a agressão é cometida por parentes dos pacientes. Em entrevista, Manoel Neri da Silva, presidente do Cofen, disse que os profissionais acabam se tornando uma válvula de escape para a revolta contra o sistema de saúde. “A população está insatisfeita com o sistema de saúde. E descarrega no primeiro profissional que vê pela frente, que é o da enfermagem”, disse Silva.

Foi o que aconteceu com uma auxiliar de enfermagem de uma Unidade de Pronto Atendimento do ABC paulista. Identificada apenas como E.S., ela foi atacada por uma paciente durante o plantão. “Assumi o plantão sozinha às 18h. Duas colegas tinham faltado e a emergência estava lotada. Uma senhora que esperava desde às 16h se irritou coma demora, me chamou de vagabunda e me agrediu” disse.

Fabíola Braga Mattozinho, presidente do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), disse que a violência contra enfermeiros tem piorado nos últimos meses. Ela afirmou que o órgão pediu melhorias no policiamento nas áreas próximas às unidades de saúde.

Em entrevista ao Tribuna, uma técnica de enfermagem de Laranjal do Jari que não quis seu nome revelado, disse que os problemas vão além da sensação de insegurança. Ela revelou que falta o reconhecimento por parte dos governantes e até mesmo dos pacientes. “Realizamos inúmeros procedimentos com sucesso todos os dias, mas quando cometemos uma falha passamos a ser julgados e condenados impiedosamente, mesmo tendo um salário de R$ 1.300. (Rede Municipal). Com um salário desses não temos condições nem de oferecermos uma boa alimentação a nossa família, imagina poder garantir outros benefícios básicos. Hoje só se fala na valorização da educação, mas se esquece que o estudante e o professor também precisam ter boa saúde para que a educação tenha êxito”, queixou-se.

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