sábado, 4 de maio de 2019

LARANJAL DO JARI: ACENTUADA REDUÇÃO NO NÚMERO DE ABATES NO MATADOURO MUNICIPAL ACENDE O ALERTA SOBRE O RISCO DE CONSUMO DE CARNES CONTAMINADAS


Média de abates mensais no Matadouro Municipal caiu de 450 para 200 reses num momento em que o índice de animais com tuberculose, diagnosticado pelos médicos veterinários, cresceu exponencialmente. Todos os animais doentes são descartados compulsoriamente. 

Imagem com fins ilustrativos - divulgação/internet. 

A redução da média de 450 reses abatidas por mês para uma média de 200 neste mesmo período no Matadouro Municipal de Laranjal do Jari, acendeu o alerta sobre o risco de os consumidores locais estarem sendo vítimas do consumo de carnes contaminadas através de abates clandestinos. A diminuição dos abates no Matadouro Municipal é um paradoxo, pois ocorre justamente num período em que tem aumentado o número de açougues que comercializam carne bovina na cidade laranjalense e além disso, tem aumentado a incidência de animais contaminados com tuberculose.

Os animais bovinos e bubalinos que são abatidos fora das dependências do Matadouro municipal não passam pela inspeção médica veterinária, portanto, representam um enorme risco para a saúde pública uma vez que estes animais podem ser portadores de inúmeras doenças perigosas como Tuberculose, Brucelose, pneumonia bovina, Cisticercose e outras. Os animais abatidos no Matadouro Municipal acompanham um documento assinado pelos veterinários que atestam a sua procedência e a garantia da qualidade. 

Dr. José Manoel Figueiredo Picanço, Médico Veterinário com vasta experiência em vigilância em Saúde e Sanitária e gerência hospitalar, declarou nesta semana em entrevista ao Programa Laranjal Notícias que durante os 30 anos de atividade nunca havia se deparado com um índice de contaminação como o atual. De acordo com Picanço, um grande número de animais tem sido descartado pela inspeção veterinária municipal. Existe um rígido controle por parte da equipe de inspeção que conta com a Doutora Nadnamara, Dr. Picanço e o técnico de inspeção, Luís Sérgio.

Dr. José Picanço|Médico Veterinário - Foto: arquivo (Ivan Lopes)

A incidência de contaminação pela tuberculose predomina sobre os animais bubalinos. De acordo com o Dr. Picanço, essa ocorrência se deve ao fato de estes animais possuírem baixa resistência à infecção e ao hábito deles andarem em rebanhos. “Semelhantemente aos casos humanos, a transmissão da tuberculose ocorre em lugares aglomerados”, explicou.

Os abates clandestinos apresentam enormes riscos à saúde dos consumidores de carne e também das demais pessoas que mantém contato com o produto, como os açougueiros, funcionários e familiares. “As lesões não aparecem na carne do animal, mas nas vísceras como fígado, pulmões, rim, abdômen, especialmente nas vísceras intestinais”, informou Picanço.  

Apesar das fortes evidências, José Picanço disse que o abastecimento de carne de origem clandestina é apenas uma suspeição, mas que a população precisa ficar alerta e também deve denunciar às autoridades, inclusive à polícia, caso flagre o transporte de carnes em veículos fora dos padrões, como é o caso de caminhonetes abertas. “Se o produto não estiver sendo transportado nos caminhões-baús da Associação dos Açougueiros ou dos grandes supermercados locais, especialmente nas madrugadas, é muito provável tratar-se de carnes de procedência duvidosa e pedimos à população que faça a denúncia”, relatou.

Se confirmada, a situação é gravíssima por tratar-se de um crime contra a saúde pública e será formalizada à Promotoria de Justiça e Delegacia de Polícia de Laranjal.

Picanço informou ainda que o matadouro municipal laranjalense foi implementado para também fazer o abate dos animais de Vitória do Jari, entretanto isto não vem ocorrendo. Ele enfatizou que aquele município conta com um médico veterinário.

Militante há quase 25 anos na saúde pública do Vale do Jari (que compreende os municípios de Laranjal, Vitória do Jari, Almeirim, seus distritos e adjacências), Dr. Picanço explica que não pode ser omisso em situações como esta, já que afeta diretamente a saúde e o risco de morte das pessoas.  

Além de todo o controle e inspeção sanitários e veterinários exigidos no Matadouro Municipal, os animais que vêm de outras localidades precisam do Guia de Trânsito Animal – GTA, que é um documento oficial que certifica que o animal tem acompanhamento sanitário, incluindo as vacinações.

Ivan Lopes, da Redação do Tribuna do Vale. 


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