Média
de abates mensais no Matadouro Municipal caiu de 450 para 200 reses num momento
em que o índice de animais com tuberculose, diagnosticado pelos médicos
veterinários, cresceu exponencialmente. Todos os animais doentes são
descartados compulsoriamente.
|
Imagem com fins ilustrativos - divulgação/internet. |
A
redução da média de 450 reses abatidas por mês para uma média de 200 neste mesmo período no Matadouro Municipal de Laranjal do Jari, acendeu o
alerta sobre o risco de os consumidores locais estarem sendo vítimas do consumo
de carnes contaminadas através de abates clandestinos. A diminuição dos abates
no Matadouro Municipal é um paradoxo, pois ocorre justamente num período em que
tem aumentado o número de açougues que comercializam carne bovina na cidade
laranjalense e além disso, tem aumentado a incidência de animais contaminados
com tuberculose.
Os
animais bovinos e bubalinos que são abatidos fora das dependências do Matadouro
municipal não passam pela inspeção médica veterinária, portanto, representam um
enorme risco para a saúde pública uma vez que estes animais podem ser
portadores de inúmeras doenças perigosas como Tuberculose, Brucelose, pneumonia
bovina, Cisticercose e outras. Os animais abatidos no Matadouro Municipal acompanham um documento assinado pelos veterinários que atestam a sua procedência e a garantia da qualidade.
Dr.
José Manoel Figueiredo Picanço, Médico Veterinário com vasta experiência em
vigilância em Saúde e Sanitária e gerência hospitalar, declarou nesta semana em
entrevista ao Programa Laranjal Notícias que durante os 30 anos de atividade
nunca havia se deparado com um índice de contaminação como o atual. De acordo
com Picanço, um grande número de animais tem sido descartado pela inspeção
veterinária municipal. Existe um rígido controle por parte da equipe de inspeção
que conta com a Doutora Nadnamara, Dr. Picanço e o técnico de inspeção, Luís
Sérgio.
|
Dr. José Picanço|Médico Veterinário - Foto: arquivo (Ivan Lopes) |
A
incidência de contaminação pela tuberculose predomina sobre os animais
bubalinos. De acordo com o Dr. Picanço, essa ocorrência se deve ao fato de
estes animais possuírem baixa resistência à infecção e ao hábito deles andarem
em rebanhos. “Semelhantemente aos casos humanos, a transmissão da tuberculose
ocorre em lugares aglomerados”, explicou.
Os
abates clandestinos apresentam enormes riscos à saúde dos consumidores de carne
e também das demais pessoas que mantém contato com o produto, como os
açougueiros, funcionários e familiares. “As lesões não aparecem na carne do
animal, mas nas vísceras como fígado, pulmões, rim, abdômen, especialmente nas
vísceras intestinais”, informou Picanço.
Apesar
das fortes evidências, José Picanço disse que o abastecimento de carne de
origem clandestina é apenas uma suspeição, mas que a população precisa ficar
alerta e também deve denunciar às autoridades, inclusive à polícia, caso flagre
o transporte de carnes em veículos fora dos padrões, como é o caso de
caminhonetes abertas. “Se o produto não estiver sendo transportado nos
caminhões-baús da Associação dos Açougueiros ou dos grandes supermercados
locais, especialmente nas madrugadas, é muito provável tratar-se de carnes de
procedência duvidosa e pedimos à população que faça a denúncia”, relatou.
Se confirmada, a situação é gravíssima por tratar-se de um crime contra a saúde pública e será formalizada à Promotoria de Justiça e Delegacia de Polícia de Laranjal.
Picanço informou ainda que o matadouro
municipal laranjalense foi implementado para também fazer o abate dos animais
de Vitória do Jari, entretanto isto não vem ocorrendo. Ele enfatizou que aquele
município conta com um médico veterinário.
Militante
há quase 25 anos na saúde pública do Vale do Jari (que compreende os municípios
de Laranjal, Vitória do Jari, Almeirim, seus distritos e adjacências), Dr.
Picanço explica que não pode ser omisso em situações como esta, já que afeta
diretamente a saúde e o risco de morte das pessoas.
Além
de todo o controle e inspeção sanitários e veterinários exigidos no Matadouro
Municipal, os animais que vêm de outras localidades precisam do Guia de
Trânsito Animal – GTA, que é um documento oficial que certifica que o animal
tem acompanhamento sanitário, incluindo as vacinações.
Ivan Lopes, da Redação do Tribuna do Vale.